segunda-feira, 12 de abril de 2010

A breve história da Civilização

O homem (Homo Sapiens) existe à face da Terra há centenas de milhares de anos. Distingue-se este símio na ordem dos primatas pela sua postura erecta e pela destreza do uso da mãos que lhe permite "manusear" instrumentos e ferramentas. A lenta aquisição da linguagem e a capacidade de comunicar terá sido o grande "salto em frente" da Homo Sapiens, e que lhe permitiu verbalizar conceitos, transmitir ordens, exprimir emoções; a própria capacidade de pensar está associada à capacidade de falar, e a inteligência, que surge ligada ao desenvolvimento do córtex cerebral, é uma consequência da fala.

Outro grande salto, já mais recente, na evolução dos Humanos resultou da aprendizagem da forma de fazer o fogo. Foi uma aquisição tecnológica que permitiu ao homem aproveitar a energia da biomassa, cozinhar os alimentos, reduzir os minérios e forjar os metais. Associado ao fogo e ao seu controlo esteve, certamente, o primeiro símbolo de poder social nas tribos primitivas.

Mas a extraordinária expansão do Homo Sapiens sobre a Terra aconteceu nos últimos 10,000 anos, num curtíssimo período da sua existência (um flash, à escala do tempo Universal!). Foi há 10,000 anos que se iniciou, no Médio Oriente (mais precisamente no Crescente Fértil, a Mesopotâmia dos vales do Tigre e do Eufrates), a época que hoje designamos por a "História da Civilização".
Nesse período, o Homem aprendeu a utilizar intensamente em seu favor os recursos do planeta, e foi sobretudo a domesticação de animais (cavalos, vacas, porcos, ovelhas e cabras) e plantas (nomeadamente os cereais) que levou os caçadores recolectores à sedentarização.

A intensificação do cultivo e de pecuária e o aproveitamento do trabalho animal conduziram à produção de excedentes alimentares o que permitiu que uma boa parte dos elementos das sociedades tribais pudessem dedicar-se a outras tarefas. Surge então a sociedade organizada, com a diferenciação de funções entre os seus membros, e estabelecem-se as hierarquias sociais.

Mais tarde, com o aparecimento da escrita, dá-se mais um salto importante: registam-se as trocas comerciais, cria-se a memória dos acontecimentos, surgem os códices das leis, nasce o estado organizado. E foi a escrita (pense-se na Bíblia, no Corão) que fez aparecer as grandes religiões monoteístas. Estavam criadas todas as condições para, finalmente, o Homem poder dominar a Terra.

A maturação da organização das sociedades teve o seu apogeu nas grandes civilizações que floresceram à volta do mediterrâneo: Os Caldeus na Mesopotâmia, os Egípcios à volta do Delta do Nilo, os Gregos com o azeite e o vinho e as suas Cidades-Estados, e os Romanos com as suas vias de comunicação e o poder das suas legiões.

A força do trabalho humano é, nessa época, o grande motor do desenvolvimento. Só assim, com miríades de trabalhadores, foi possível construir os grandes monumentos da antiguidade (as pirâmides, por exemplo) e as grandes infraestruturas viárias e sanitárias dos Romanos. Isso explica a escravatura que consistia no aproveitamento do trabalho de homens por outros homens, afinal uma forma barata de energia.

Sustentada pela matriz do pensamento geométrico grego, impregnada pela intemporalidade das ideias dos judeus, e reforçada com o vigor dos povos francos germanos e celtas, a Idade Media foi o tempo para, na Europa, se preparar o salto seguinte. Foi a Globalização, que verdadeiramente começa no final do século XV com as grandes viagens e com a invenção da imprensa escrita por Gutemberg, que difunde as noticias dos descobrimentos a toda a Europa. O modelo ocidental, apoiado numa cultura científica e positivista, começava a difundir-se e impor-se a todo o mundo.

No século XIX, A revolução industrial, baseada na máquina a vapor e no carvão permitiu a mobilidade e a produção em massa e foi a antecâmara que antecedeu a vertigem dos últimos 100 anos. Um século em que o crescimento populacional foi rápido, em que tudo cresceu de forma exponencial. O festim da energia fóssil abundante e barata fez a Idade de Ouro e viu aparecer uma nova entidade: o consumidor. Nos anos mais recentes, uma nova literacia, a Internet, abriu perspectivas ainda mal percebidas.

Mas estamos a chegar ao fim dos tempos bíblicos: Quando Deus criou o Homem e a Mulher, disse-lhes: «Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a Terra. Dominai os peixes do mar, as aves dos céus e todos os animais que se movem na Terra.». E o Homem assim fez.
E agora, o mais humilde descendente de Adão clama por respostas divinas: “Senhor, já enchemos a Terra, e estamos a acabar com muitos peixes e muitas aves e muitos dos animais que nela viviam. Dizei-me, pois, qual o destino que agora nos reservas?”

Sem comentários:

Enviar um comentário