segunda-feira, 29 de novembro de 2010

As angústias do cidadão comum

Anda o mundo todo em alvoroço: é a crise que não se vai, a China que não revaloriza a moeda, a América que não se conforma em perder a liderança do mundo, a Nato que não sabe como sair do Afeganistão, a Irlanda que caiu nas mãos do FMI (sem perceber bem como nem porquê!), a Europa desunida e sem estratégia, é Portugal à deriva, os bancos sem dinheiro, as empresas sem crédito, os trabalhadores sem emprego, os de Wall Street ainda a especular e a receber os bónus, e as pessoas comuns da Main Street a começar a perder a esperança.

Os comentadores políticos e económicos, os que escrevem nos jornais e falam na rádio e na TV, e fazem a opinião dominante, vão apontando erros aqui e acolá, acusando este ou aquele de não ter tomado as medidas certas no momento certo, analisam, estudam e prevêem; mas a verdade é que não estão a acertar com a solução do problema, e não apontam os caminhos certeiros para a saída da crise. A receita mais ouvida nesses comentários é a de que temos de retomar o crescimento à custa do aumento da produtividade, do aumento das exportações, da produção de bens transaccionáveis, etc.. Mas isto é o mesmo que dizer a um doente: “O senhor para resolver o problema da sua grave doença, tem mesmo é de se curar e voltar a ter saúde!”. Ora não é mais do que isto, que é uma verdade do Senhor de La Palisse, aquilo que nos diz o economista comum ou o comentador político. E o próprio discurso dos governantes não anda longe destas trivialidades, e não lhes acrescenta muito. E, uns porque não sabem, outros porque não querem, e outros porque não podem, ninguém se adianta para falar a verdade.

Entretanto, o cidadão comum, habituado a ouvir falar de crises mas sem as sentir na pele, já se começou a aperceber que, desta vez, algo vai “mesmo” mal, e que, talvez, não lhe estejam a dizer toda a verdade. E já vai fazendo contas à vida. Vê o seu emprego em risco, ameaçadas as pensões e os subsídios que julgava garantidos para a vida, vê os filhos, já homens, ainda a derriçar do orçamento dos pais. Vai perdendo a confiança nos bancos, e aquilo que parecia muito seguro já não lhe parece tanto, e até já lhe ocorreu a ideia de enterrar o dinheiro numa panela de ferro a um canto do quintal. Começa a desconfiar de tudo e de todos. E já olha com outros olhos para uns bocaditos de terra que ainda tem lá nas berças, quem sabe se ainda não vão servir para alguma coisa!

E se ainda sente força e por que não atingiu ou atingiu há pouco tempo a barreira dos “enta”, até lhe passa pela cabeça a ideia de emigrar. Mas os caminhos do mundo estão a fechar-se e quando pensa em Angola ou no Brasil, só vê insegurança, desigualdades e corrupção. E o Eldorado de outras épocas, para onde se ia à procura da fortuna, só se for noutro planeta!

Quando a crise desce à rua, é quando ela adquire pela primeira vez, verdadeiramente, o estatuto de “Crise”. Estamos no início duma grande descida que vai estar marcada pelo empobrecimento colectivo, pela escassez de recursos, pela necessidade de ter de apertar o cinto. A história mostra-nos que nestes períodos de “vacas magras” existem dois caminhos para fazer a descida, e qualquer deles se assemelha a uma “via dolorosa”: um que é a via da inflação (como diz Rubin) outro que é a via da deflação (como diz Nicole Foss), ou seja, ou faltam as mercadorias, no primeiro caso, ou falta o dinheiro para as comprar, no segundo. São os governantes, sobretudo os fixam o preço do dinheiro e podem imprimir notas, que têm capacidade de fazer escolhas, e mostrar-nos o caminho. Pois se eles não escolherem nenhuma delas, será tudo pior, e essa via sacra da descida ao Inferno será feita aos trambolhões e ao atropelo das regras mais elementares da civilidade.


Entretanto os anjos da Transição, conscientes do pico do petróleo - esta afinal a causa de todos os males - e das alterações climáticas, vão tecendo pacientemente a teia que é a nossa derradeira esperança de prosperar num mundo com menos abundância de benesses e com mais carência de recursos. E ensinam que é necessário produzir e economizar mais e apostar na Localização.  Que  é o mesmo que dizer, olhar com mais atenção para o nosso país, para nossa cidade, para o nosso bairro, para o nosso vizinho.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Futuro da China


O mundo que emergiu do pós guerra, e que era dominado pelos EUA e pela União Soviética, está a dar lugar a outro mundo no qual já se vê a China afirmar-se como a nova potência mundial capaz de fazer frente aos EUA, e, quem sabe, pronta a disputar-lhe a liderança mundial. Algo que parecia bastante improvável, há apenas meia dúzia de anos.

De uma forma discreta, a China tem vindo a impor-se como a grande economia emergente do século XXI. Já é a segunda a nível mundial, tendo recentemente destronado o Japão dessa posição. E as taxas anuais de crescimento do seu PIB são de tal modo elevadas que, a continuarem a este ritmo, o PIB chinês ultrapassará o PIB norte americano antes de 2030. Mas, na minha opinião, isso não irá (não poderá!) acontecer, pois tal significaria um forte agravamento dos desequilíbrios comerciais já existentes, e provocaria uma corrida descontrolada às fontes de matérias primas. Recordo, a propósito, que China vai enfrentar, a breve prazo, o problema da escassez energética, à medida que a população se for  urbanizando, que o uso do automóvel se for generalizando, e o consumo de electricidade for aumentando. A emergência do pico do petróleo, e a previsivel escassez de carvão vão ser fortes travões ao crescimento da China.

Na sua política de expansão, a China tem usado a via diplomática de "penetração" em zonas estratégicas como a África e a América Latina. E, para ilustrar essa forma de actuação, refiro este exemplo: o FMI andou, durante anos, a negociar um empréstimo a Angola; para a sua concretização, colocava condições aos governantes que visavam impedir a corrupção, aliviar a pobreza e reduzir as desigualdades. Mas chegaram os chineses e concederam esse empréstimo em poucas semanas, e sem condições. Mas, claro, pediram em troca petróleo e contratos para construir infra-estruturas. Com este empréstimo, a China tornou o FMI redundante e desnecessário em Angola. E exemplos como este podem ser encontrados um pouco por toda a parte, no Sudão, no Congo, no Irão.

Existem muitas incertezas no que ao futuro da China diz respeito. Este gigante que tem muitos pontos fortes e, ao memo tempo, muitas fraquezas. A força da China reside na sua forma de governo centralizada, no seu grande crescimento económico, e na maneira de ser e viver da sua população, onde se destaca a capacidade de trabalho, uma grande paciência e um elevado espírito de sacrifício.

Uma gestão centralizada e forte tem permitido manter a unidade de um país que é composto por muitas nações. E tem permitido conduzir a politica económica sem grandes sobressaltos, sem a sujeição aos ciclos eleitorais, próprios das democracias ocidentais. E, acima de tudo, tem demonstrado a capacidade de implementar as medidas necessárias para fazer face a emergências, como se viu na recente crise.

O grande crescimento económico chinês, a taxas anuais de cerca de 10%, ajuda a resolver muitos problemas, e impede a ocorrência de outros. Pois havendo riqueza para distribuir tudo se simplifica, existe paz social, estão contidos os conflitos regionais, étnicos e religiosos. Mas o contrário também é verdade: a estagnação ou a recessão económica traz ao de cima os problemas, revela o lado pior das coisas e das pessoas, favorece a desordem social. Por tudo isto, o crescimento da China precisa de ser mantido a todo o custo.

E daí que o grande dilema da China resida nesta situação paradoxal: não pode crescer mas também não pode deixar de o fazer: crescer significa escassez de recursos, problemas ambientais, sobreaquecimento da economia, riscos de uma bolha imobiliária, acréscimo dos problemas comerciais; reduzir o crescimento, pode provocar descontentamento, problemas políticos, contestação social, forte aumento do desemprego, conflitos étnicos regionais, etc..

A China é, nos nossos dias, um importante foco de tensão mundial. Tensão que vai acumular-se e que poderá, ao libertar-se, provocar um sismo. E, porque o mundo é global, as consequências do que acontecer na China, terão impacto em todo o Mundo. No dia em que a China entrar em convulsão, muita coisa irá mudar e, acredito eu, para pior. Perceber esta realidade e mitigar as suas consequências é também um dos objectivos da Transição.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pico do Petróleo: cada vez mais difícil esconder a verdade

O World Energy Outlook 2010, o relatório anual editado pela Agência Internacional de Energia, foi apresentado à imprensa no passado dia 9 de Novembro, em Londres. Este relatório é sempre ansiosamente esperado por servir de base ao planeamento económico dos países da OCDE. E ele constitui uma referência para muitos especialistas e estudiosos destas matérias.

Embora de forma condicionada e não alarmista, a Agência tem vindo, ano após ano, a fazer uma grande "ginástica" estatística para conciliar o pico do petróleo, cada vez mais difícil de iludir, com a necessidade de apresentar valores compatíveis com a necessidade de crescimento económico que, de acordo com os seus objectivos estatutários, a AIE se sente obrigada a estimular.

Para quem não sabe, a AIE , que tem a sua sede em Paris, foi criada pelos países da OCDE em 1974, na sequência do embargo petrolífero dos países árabes ao Ocidente, com o objectivo de criar stocks de crude para fazer face a situações de emergência. Mas nos seus objectivos, a IEA, além da segurança energética, inclui a protecção ambiental e estímulo ao crescimento económico. Isto em consonância com os objectivos da própria OCDE, criada exactamente para promover o desenvolvimento, baseado no crescimento contínuo das  economias dos países que representa.  A Agência emprega 190 pessoas, a maior parte delas especialistas em estatística e energia, e tem um orçamento anual de mais de 20 milhões de Euros. Que é suportado principalmente pelos EUA e pelo Japão, com um contributo conjunto de quase 50% do total.

A IEA é, pois, um organismo dependente dos seus financiadores, e as suas posições não podem ser desligadas deste facto. Talvez por isso,  as previsões que faz da evolução da produção de crude são, em cada novo ano, revistas em baixa, mas obedecem a um principio sagrado: são sempre crescentes. Mas reconhece-se que, nos seus relatórios, a Agência tem vindo a mostrar realismo, e alertar para a proximidade do "pico do petróleo", evitando sempre usar a expressão, a qual apenas é referida, pela primeira vez, na edição deste ano do WEO.

Apoio-me nas palavras do professor Kjell Aleklett, da Universidade de Upssala e membro da ASPO, para traduzir o essencial deste relatório: "No Weo 2010, a IEA prossegue na sua linha tradicional de prever o futuro das necessidades energéticas do mundo, sem ter em consideração se a sua produção é ou não possível. Relativamente ao petróleo, no ano passado, a IEA previa, para 2030, uma procura de 106 milhões de barris por dia ou seja um crescimento de 20 milhões de barris diários em relação à produção actual. Mas este ano , a IEA baixou as previsões, para 2035, para apenas 99 milhões de barris diários".

Mas ainda há bem poucos anos a IEA previa, para procura e produção 116 milhões de barris diários  em 2020. Nas previsões deste anos, e pela primeira vez, a IEA diz que a produção de petróleo convencional se manterá estagnada daqui até 2035.


Repare-se, neste gráfico, o rápido esgotamento das jazidas actuais que tem de ser compensado com a produção (irrealista!) das jazidas a descobrir ou a desenvolver.

Desde 1980, o mundo extrai petróleo muito mais depressa do que descobre novas jazidas. Extraem-se quatro barris por cada um que se descobre. Ora, o WEO 2010 apoia a sua previsões de crescimento sobretudo nas novas descobertas, e diz que até 2035, para se cumprir essa previsão, o mundo precisa de descobrir mais 900 mil milhões de barris para adicionar às reservas actuais. Ora, à taxa de descoberta actual que foi, nos últimos anos de 10 mil milhões barris/ano, seriam precisos 90 anos, e não 25, para alcançar esse objectivo!

Isto acontece porque as jazidas actualmente em produção, que produziram  68 mbd (milhões de barris/dia) em 2009, têm uma taxa de esgotamento de 8,3% ao ano e isso precisa de ser compensado com novas explorações e novas desobertas. Fazendo as contas, essas jazidas, que produziram 68 mbd  em 2009, só produzirão 16 mbd em 2035. Daí a tal urgente necessidade de descobrir e explorar mais petróleo. Só não sabe onde, nem como, digo eu.

Toda a esperança de aumento de produção é colocada nos países da Opec e muito em particular nos países do Golfo Pérsico. E, estima a AIE, a Opec deverá produzir, em 2035, 46 mbd  dos quais 31 mbd no Golfo.  Mas, como que a propósito, há dias, um antigo director da Saudi Aramco, Sadad Ibrahim Al-Husseini, citado aqui, vem colocar muitas interrogações sobre a capacidade futura da região para responder ao que dela se espera. Diz ele: "Na região do Golfo, as reservas de petróleo convencional estão a esgotar-se a uma taxa que é dupla da taxa de reposição, e isto porque as grandes jazidas estão a ser substituídas por jazidas mais pequenas, que requerem tecnologias muito avançadas e avultados investimentos para produzir caudais, em volume suficiente e com custos comportáveis.

Ele acrescenta ainda que a produção dos países da OPEC será inferior à estimada: "A região do Golfo não produzirá os 31 mbd previstos mas sim 26 mbd, em 2035. E prevê para a produção global de crude um "plateau" de 87 milhões de barris por dia até 2019 e, a partir daí, um decréscimo, para atingir os 83 milhões por dia em 2030".

Já não é mais possível esconder a verdade do pico do petróleo. Chegou a altura de começar a mitigar as suas consequências. Volto às palavras de Kjell Aleklett para concluír: "WEO 2010 is a cry for help to tell the truth about peak oil".

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pensar Global, Agir Local

Eu vivi um ano intenso da minha adolescência no Porto. Foi no meu primeiro ano da Universidade, na Faculdade de Ciências, e fiquei, por esse motivo, ligado afectivamente a esta cidade: gosto do Porto, gosto da gente do Norte e da sua pronúncia, dos cafés e das confeitarias cornucopianas. Gosto das suas lojas, e da simpatia do atendimento do seu pessoal. E até gosto da arquitectura pesada e granítica de alguns dos seus edifícios. Por isso, volto ao Porto sempre com agrado, como aconteceu, na semana passada, quando fui participar na conferência Glocal 2010. E aproveitei para vadiar, descontraidamente, pelas suas velhas ruas.

Eu lembro-me das ruas da baixa portuense, de outros tempos, com os seus armazéns fartos e o seu comércio florescente. Desta vez, encontrei ruas tristonhas e deprimidas, muitas lojas fechadas com cartazes de "vende-se" e "trespassa-se", muitos prédios abandonados e decadentes. Algumas lojas tradicionais ainda resistem, como é o caso dum alfarrabista da Rua das Flores, com edições de velhos jornais de há cem anos na montra, a assinalar a implantação da República. Mas pressente-se que, a manter-se o modelo actual de desenvolvimento inspirado na globalização, não existe futuro para este comércio. Porque tal modelo, privilegia o Centro Comercial, em detrimento do velho comércio de proximidade.

A era do automóvel veio modificar o modo como se vivia nas cidades: despovoou o centro tradicional, empurrou o comércio para a periferia, e as pessoas para os subúrbios. Conviver com esta perniciosa realidade, numa sociedade com menos energia e menos mobilidade, vai ser um dos dramas das sociedades da era pós-carbono, e mitigar os seus efeitos será uma das tarefas da Transição.

Mas eu, hoje, quero falar da conferência Glocal 2010, que aconteceu nas instalações da Lipor, em Ermesinde, e contar um pouco do que lá vi. Sobretudo realçar as experiências que, a nível autárquico, ou por simples iniciativas de cidadãos, ali foram apresentadas. São exemplos que começam a proliferar, motivados pela preocupação de modificar o nosso insustentável modo de viver. Talvez por isso, a frase que mais se ouviu na conferência foi "desenvolvimento sustentável".

A experiência de Barcelona, apresentada por Francisco Cárdenas, mostrou-nos a utilização de soluções tecnológicas para promover um urbanismo mais humano, no qual o espaço público é devolvido aos cidadãos. Advogou o palestrante uma cidade com menos automóveis, e com corredores verdes para permitir a passagem das aves migratórias. Ocorre-me que esta aposta de Barcelona, a ser concretizada, será conseguida à custa de um acréscimo de complexidade na sua gestão, e isso vai ter um preço muito elevado. Resta saber (lembro-me das teorias de Tainter) se as vantagens que estas soluções aportam compensam os custos (energéticos, mas não só!) acrescidos de as pôr em prática.

A experiência que está a ser levada a cabo pelo Munícipio Cascais, apresentada, de forma estusiástica, por Joana Silva, ilustra bem quanto algumas autarquias já estão sensíveis a estes problemas. Foi apresentado o projecto "in loco 21" que está a ser implementado com sucesso. Falou-se de palestras, destinadas aos colaboradores da autarquia, inspiradoras de reflexão sobre a sustentabilidade.

Começam a surgir por toda a parte pessoas desinteressadas, cidadãos comuns atentos aos sinais das mudanças, que se interessam pelo tema. Eu próprio apresentei o projecto Rio Vivo, em S. Pedro do Rio Seco, apoiado pela Fundação Vox Populi. E inspiradas pelo modelo de Totnes, já existem em Portugal as primeiras iniciativas de transição, como é o caso de Paredes que muito me impressionou pelos entusiasmo com que foi apresentado. Tivemos ainda o privilégio de ouvir Jacqi Hodgson falar-nos de Totnes, cidade inglesa percursora destes movimentos.

Com a persistência da crise e com a incapacidade demonstrada por economistas, políticos e governantes para a debelar, pouco a pouco, as pessoas começam a dar-se conta de que o mundo está a mudar de uma forma irreversível, e que esta não é uma crise como as outras. Começam a perceber e a acreditar que esta á a “crise mesmo”, e começam a olhar de forma diferente para o futuro. E muitos, sem esperar que algo de pior aconteça, começam a querer moldá-lo com as suas próprias mãos. Está a ser assim em Paredes, em Pombal, e poderá ser assim no bairro de Telheiras, em Lisboa, onde jovens entusiastas se dispõem a percorrer o caminho difícil mas promissor da Transição.

Pensar global, agir local?. Houve quem propusesse a inversão dos termos desta asserção, e sugerisse: “Pensar local, agir global”. Vivemos num mundo global acelerando vertiginosamente para a sua última fronteira, e o colapso (se ocorrer, ou quando ocorrer!) será global. Mas a reconstrução só pode ser local. É esta certeza que move os adeptos da Transição!