segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A Poeira das Estrelas

Stephen Hawking é um físico e cosmólogo inglês que desde há muito se ocupa das questões relacionadas com a origem do Universo e das leis que o governam. É considerado por muitos, lado a lado com Albert Einestein, a figura mais marcante da Física do último século.

Nas últimas décadas alterou-se a maneira como compreendemos o Universo e a sua origem. Foi Edwin Hubble que, pela primeira vez, no século passado, percebeu a sua dinâmica, e estabeleceu que ele se expande de forma continua e acelerada. Com base nestas conclusões foi formulada e aceite generalizadamente a  teoria do "Big Bang" que nos diz que o Universo teve origem há 13,7 mil milhões de anos, num ponto ínfimo e que a partir daí se começou a expandir. Duma massa homogénea inicial, o plasma, começaram a formar-se as partículas atómicas, e o elemento mais simples o hidrogénio. Depois formaram-se as estrelas onde se dá a fusão nuclear e o hidrogénio se transforma em hélio.

Em algumas estrelas as partículas elementares e os átomos leves agregaram-se em átomos pesados e nelas se formaram os elementos químicos, entre eles o carbono, o oxigénio e o silício. Ao fim de algum tempo, por acumulação de energia, essas estrelas (as supernovas) explodem, e projetam esses elementos no espaço. E foi essa poeira cósmica das supernovas que, por sua vez, originou os planetas e outras estrelas. E que fez a Terra onde surgiu a Vida. E é dessa poeira que nós, humanos, somos feitos.

Stephen Hawking coloca interrogações pertinentes: quem criou o Universo? Como foi o princípio de tudo, se é que houve principio? Neste processo surge naturalmente uma questão primordial: foi necessário Deus para criar o Universo?  O tempo universal é inimaginável para a nossa compreensão, e é o próprio Hawking que nos diz que antes do Big Bang não havia tempo, e que não havendo tempo não podia existir Deus. E conclui que o Universo poder ter surgido do nada, como num passe de mágica em que cada coisa criada tem o seu negativo, e que a soma de tudo é zero.

Desde Galileu que percebemos que a Terra não é o centro do Universo. Percorremos, desde então, um caminho extraordinário no conhecimento do espaço que nos rodeia, que só serviu para tomarmos consciência da nossa pequenez quando comparada com a grandiosidade do Universo. Já sabemos da existência de centenas de milhões de Galáxias, cada uma delas contendo centenas de milhões de sóis. Fala-se já de que poderão existir outros Universos paralelos ao nosso. Como comparação, o nosso Sol não é mais do que um singelo grão de areia de entre toda a areia existente nas praias da Terra.

 Hawking está consciente dos perigos que ameaçam a Civilização, entre eles a eventualidade de uma guerra nuclear. Diz ele: "A nossa única chance de sobrevivência a longo prazo, enquanto espécie, não é permanecer à espera no planeta Terra, mas temos de viajar para o espaço. Se queremos continuar além dos próximos 100 anos, o nosso futuro está no espaço. " Mas alguém já contestou esta solução argumentando que "o abuso do conhecimento científico nos últimos 100 anos ou mais, permitiu-nos a todos contribuir para destruir o planeta de uma forma cada vez mais eficiente e, aparentemente, o melhor que podemos esperar agora é utilizar os últimos recursos que nos restam lançando à sorte alguns humanos para o espaço para que eles possam repetir "a bagunça", mais uma vez, num outro lugar ....".

A predição de Hawking é um aviso sério e pertinente de quem sabe do que fala, mas baseia-se numa impossibilidade. Qualquer lugar habitável no espaço da nossa galáxia está a centenas ou milhares de anos de viagem, e o homem nunca poderá empreender tal viagem. O homem está aprisionado no seu sistema solar, e não se irá libertar dele. Como Prometeu, agrilhoado nas suas correntes por castigo dos deuses, também nós roubámos o fogo sagrado da sabedoria que nos deu acesso aos segredos da criação. E o nosso castigo é este de perceber esses segredos sem os poder alcançar e alterar, nem descortinar o seu sentido... E em cada novo dia, a águia há-de vir comer mais um pedaço do nosso fígado, para nos lembrar que somos mortais.