segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Natal

O calendário, o frio, os anúncios dos perfumes e dos chocolates, dizem-nos que estamos, mais uma vez, na quadra natalícia. Nas lojas dos centros comerciais, iluminadas e decoradas com bolas, fitas e luzernas, vive-se a animação das compras. Este frenesim dos presentes apossou-se e confunde-se com o significado ou com aquilo que se designa pelo espírito de natal. Foi no século IV que, na cristandade, começou a festejar-se o Natal no final de dezembro. A comemoração assinala o nascimento de Jesus e fez-se coincidir a sua data, propositadamente, com a da celebração pagã do solstício de inverno, quando, no hemisfério norte, o Sol inverte a sua marcha descendente no horizonte que encurtou os dias e retoma, de forma promissora, a ascensão que haverá de voltar a ungir a terra e despertar as sementes no prenúncio da luminosa primavera.

No fervor religioso da Idade Média e da Renascença, o culto da Virgem e da sua maternidade, evocado no dia 25 de dezembro, inspirou artistas e os construtores das catedrais. O Natal era figurado nos presépios e nas telas magnificas das escolas dos mestres das escolas italiana e flamenga. Era uma época de vivência interior e familiar à volta do aconchego de uma lareira e de uma mesa farta; era também um tempo de renovação inspirada no ciclo da natureza. Penso que é esse ainda o Natal do nosso imaginário e, para os mais velhos, o da sua infância.

No ocidente pós industrial, global, dessacralizado e consumista, o Natal divorciou-se do presépio e dos evangelhos. A economia apropriou-se do Natal. Muitos negócios sobrevivem com as vendas da época natalícia. Há produtos e marcas que concentram nesta quadra a maioria das vendas anuais. Mas, o reverso é que as compras de Natal não são feitas para satisfazer necessidades e muitas vezes não têm utilidade prática, o que lhe reduz o valor económico.

O presépio já não é o ícone do natal, mas o Pai Natal. Esta figura simpática que é inspirada em S. Nicolau - um arcebispo generoso na sua versão americana -, nasceu no final do século XIX fruto da imaginação criativa do cartunista Thomas Nast . Mas foram as campanhas publicitárias da Coca-Cola que divulgaram e internacionalizaram o ícone do Natal na sua atual versão consumista.

As crianças são os principais destinatários dos presentes natalícios. São inundadas de brinquedos, livros, jogos, sei lá o quê!. A sua atenção reparte-se entre os inúmeros presentes recebidos e muitos deles são rapidamente arrumados e esquecidos. É a sociedade que começa a formatar as mentes infantis para a sociedade de consumo! Talvez devêssemos refletir no exemplo de uma escola de um país nórdico onde foram retirados os brinquedos das salas de aula, facto que teve como consequência aumentar a curiosidade e a criatividade dos alunos.

Nalguns países, as crianças escrevem cartas ao Pai Natal - para um endereço na Lapónia - a pedir os presentes. Não tardará que as mensagens sejam enviadas por email, de preferência com cc. para pais e amigos, de modo a assegurar maior rapidez e eficácia nas entregas. A mim, ocorreu-me hoje falar deste tema para desejar a todos os meus amigos e aos leitores do blog
Um Feliz Natal

2 comentários:

  1. Obrigado pelos desejos! Mais um texto com boa informação! Esperamos por um 2015 cheio de boas prosas, um abraço!

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  2. Muito obrigado por esta boa oportunidade para também lhe desejar Boas Festas e um Santo Natal, cheio de saúde e de outras coisas boas.

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