segunda-feira, 11 de maio de 2015

Os Jovens perante o Futuro

Estamos a chegar a uma fronteira. É a fronteira do planeta que habitamos. Andámos demasiado depressa, crescemos desmesuradamente e - paradoxo dos paradoxos! - dizem-nos que é necessário continuar a crescer mais e mais depressa.  É esse o maior dilema do tempo atual: o crescimento não pode continuar - assim o exige o planeta -, nem pode parar - assim o exige a economia.

E, como corolários deste, existem outros dilemas: 1) O dilema demográfico: a população mundial não poderá crescer para lá de certos limites. Mas a decorrente estagnação populacional provocará  o envelhecimento e degradará a espécie; 2) O dilema ambiental que nos confronta com a impossibilidade de continuar a poluir e a lançar mais gases com efeito de estufa na atmosfera, e, em simultâneo, com a imperiosa necessidade de o continuar a fazer para assegurar a mobilidade e a crescente produção industrial; 3) e, finalmente, o dilema dos recursos que resulta, por um lado, da evidência de não podermos aumentar o consumo dos recursos não renováveis - como são, por exemplo, o solo arável, a água, e a energia -, e, por outro lado, com a necessidade de o fazer para assegurar a prosperidade material da espécie.

A tecnologia, fruto da criatividade e da capacidade de inovação do homem, será a solução? A tecnologia, ao aumentar a eficiência, funciona como um catalisador nas reações químicas:  acelera o crescimento, acentua os dilemas e abrevia o colapso. Faz aumentar a complexidade do sistema económico, e esse aumento acarreta custos que, a partir de um determinado momento, podem superar os ganhos ou as vantagens que ele traz. É na crescente complexidade das redes, que suportam a economia, que esses riscos são maiores: a rede eléctrica, a rede de abastecimento alimentar, a rede de comunicações e de telecomunicações, a rede digital, as redes de abastecimento de água e de saneamento. Foi Joseph Tainter quem nos ensinou que uma quebra brusca da complexidade nessas redes pode provocar o colapso.

Enfrentamos a ameaça de um colapso civilizacional que é uma forma de superar os dilemas. Tal como um tremor de terra, o colapso é uma adaptação repentina de um sistema - físico, económico ou social -, que resulta da libertação brusca das suas tensões internas.  Mas, tal como diz Dimitri Orlov, o engenheiro russo que viveu a queda do sistema comunista, o colapso não tem que ser necessariamente uma coisa má. Ele pode significar a destruição criativa que permite criar as condições para o aparecimento de soluções alternativas.

Só podemos imaginar o futuro do ser humano associado à prosperidade, a qual não terá de ser, necessariamente, uma prosperidade material. Tudo indica que, se queremos prosperar sem crescimento, vamos ter de mudar de economia: menos complexa, mais local, mais rural, mais espiritual e mais solidária. Na economia do futuro, as soluções terão de ser encontradas e implementadas de baixo para cima. A preocupação principal vai ser a de cuidar do planeta e do ambiente.

É este o futuro que espera os nossos jovens. Convenhamos que o caminho que têm pela frente não vai ser fácil. Mas percorrê-lo pode ser uma tarefa estimulante!.

Sem comentários:

Enviar um comentário