segunda-feira, 13 de junho de 2011

Muitas perguntas, poucas respostas

Diz Albert Bartlett que a mente humana não consegue entender as consequências do crescimento exponencial. Ora esta é uma das verdades que está na base dos males do nosso tempo. E não encontro melhor exemplo, para ilustrar a asserção de Bartlett, do que o crescimento da população global dos ultimos 200 anos.
Ao observar o gráfico da evolução populacional no Mundo, ficamos pasmados com a visão que ele nos apresenta



Se este gráfico fosse acrecentado até 2011 o valor da população já seria de 7 biliões (ou 7 mil milhões, para usar a nomenclatura europeia). A população mundial, nos últimos dez anos, aumentou mil milhões de pessoas, tanto quanto tinha aumentado desde o aparecimento do homem até ao ano 1800. Por outras palavras, em dez anos, a população mundial cresceu tanto como tinha crescido em milhões de anos, desde o aparecimento do Homo Sapiens!

Deixo algumas perguntas para reflexão:

Poderá a população continuar a crescer da mesma forma como cresceu no último século?
E qual o limite do crescimento populacional, ou seja qual a carga máxima que o planeta suportará?
E como vai ser possível estabilizar a população? Diminuindo a natalidade ou aumentando a mortalidade?
E quais as consequências dessa estabilização?

Para reflectir!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Requiem pela Velha Europa

Aos poucos, vamos percebendo que esta crise é mesmo uma crise diferente, uma espécie da crise das crises. A experiência do resgate da dívida da Grécia não está a resultar, e ninguém poderá garantir que Portugal, dentro de 6 a 12 meses, não esteja numa posição semelhante àquela que tem a Grécia neste preciso momento, pois são estes dois casos em tudo similares.

E o que se passa na Grécia? Trata-se de um país em que a riqueza produzida não tem correspondência nos seus gastos. Daí que apenas continuando a endividar-se pode continuar a sobreviver. Ou, para salvar a estrutura financeira dos bancos credores, e evitar a propagação do problema, continuar a viver às esmolas da Europa com austeridade, a suceder-se a outra austeridade. Ora, acredito eu, isto não vai ser possível, e à Grécia só restará um caminho: a saída do euro.

A saída do euro será para a Grécia, ou para qualquer outro país (pensemos em Portugal, que poderá seguir-se) uma experiência verdadeiramente traumática, e que, dada a trama das dependências interbancárias, se propagará como fogo em restolho por toda a Europa. De repente, o valor da moeda esvai-se, e a mais certa consequência serão os conflitos sociais, o desemprego a subir em flecha, e o alastrar da miséria. A energia, sobretudo o petróleo, quando importado e pago em dracmas desvalorizados, elevará o preço da gasolina para valores astronómicos. A mobilidade ficará reduzida, os produtos vão escassear nas lojas, a inflação será galopante.

Restará, talvez, à Grécia o turismo como âncora de salvação. Mas de onde virão os turistas? A miragem do milagre chinês como alimentador de todos os devaneios, poderá, também ela, esvair-se como resultado do rebentamento da bolha do sobreaquecimento da sua economia.
Poderá, perante a instabilidade e o vazio, a Grécia ser invadida por hordas de norte africanos que do Egipto, da Síria, do Médio Oriente escapam a uma miséria ainda maior, e que vêm preencher o vazio demográfico criado pelo envelhecimento  do velho continente?

A Europa está, pois, sem rumo. O sonho de um grande espaço económico e democrático que quisemos construir está a transformar-se num novo Império Romano que, antes de cair, se cindirá entre Norte e Sul, ao invés do velho império dos Césares que se dividiu entre o Oriente e o Ocidente. E, nesta Europa decadente, o império do Sul não chegará a cair pois em boa verdade nem chegará a existir! O do Norte, será um império teutónico que não sobreviverá tanto tempo quanto sobreviveu o império de Constantinopla.