segunda-feira, 30 de julho de 2012

Assim vai o mundo!

Em tempo de férias, continua o mundo numa grande instabilidade. Na velha Europa, apesar dos esforços para salvar o euro, parece certa a bancarrota da Grécia e iminente o doloroso e urgente resgate da Espanha. Até a forte Alemanha vê o seu rating AAA ameaçado pela Moodys´s, e os seus bancos ameaçados de "downgrade" do rating. Algo impensável há uns meses atrás, mas sintomático da gravidade e profundidade da crise em que estamos mergulhados.

Enfrenta o mundo um daqueles dilemas que antecedem as grandes mudanças da sociedade, e até da própria civilização. Não é apenas o projeto europeu que está em causa, é o futuro de todos nós, de um certo modo de viver, de uma economia que já não encontra soluções para manter a sua própria vitalidade. E quando não somos capazes de encontrar soluções para os problemas, quando a bússola perde o norte, entra-se, muitas vezes, no perigoso domínio do aceitar a desgraça, do deixar correr o marfim, do deixar as coisas ao "deus dará".

Daqui para a frente, acho eu, tudo vai acontecer muito mais depressa, e vão encontrar-se e apontar-se culpados para o descalabro, pois há sempre culpados para tudo (Mário Soares, no seu discurso fácil e demagógico de "tudo se resolverá", já disse que tudo isto se deve à demissão dos dirigentes das democracias cristãs europeias!). Para a maioria, alinhada com a opinião dos main media, os culpados serão os especuladores financeiros, os banqueiros insaciáveis, a Chanceler Merkel arrogante e insensível ao sofrimento dos povos do sul. Como nos atestados de óbito, por obrigatoriedade, haveremos de escrever no epitáfio da crise uma causa mortis, e poucos perceberão que, afinal, tudo ocorreu por causas naturais. Por que a lei da morte é inelutável, e a explicação para ela é tão trivial como era a que se dava antigamente quando se morria simplesmente de velhice.

Na Síria vive-se na incerteza do desfecho de um conflito que já não opõe apenas o governo de Assad aos rebeldes mas opõe, de um lado, Israel e os ocidentes (o europeu e o americano) e, do outro lado, a Rússia a China e o Irão. O que está em causa é um processo complexo que tem a ver com o controlo da bacia petrolífera que rodeia o Golfo Pérsico e onde convergem interesses diversos e concorrentes entre si. Vai ser neste cenário que se irão confrontar os novos poderes mundiais, e é aqui que está o rastilho que pode incendiar a situação global. A guerra civil da Síria é o fogo a aproximar-se do rastilho!

Neste clima de confusão e instabilidade existem algumas boas noticias. Pelo menos na aparência. O Sr Leonardo Maugerie, um especialista de petróleos da italiana Eni, veio dizer numa palestra em Harvard que existe super abundância de petróleo por explorar, e que o abastecimento está assegurado por muitas décadas. Fala mesmo numa estimativa de produção global de "liquids", que inclui o biodisel e os derivados do gás, de 110 milhões de barris diários para 2020. Isto corresponde a um crescimento de 15 milhões de barris por dia em 8 anos, quando nos últimos 8 essa produção esteve quase estagnada.

De vez em quando surgem estes discursos cornucopianos para sossegar as mentes e relançar as expectativas da economia. E estas posições não são novas. Em dezembro de 1998  o Bussiness Week escevia; "you're not going to thrive in the new oil era. Technology is making it possible to find, produce, and refine oil so efficiently that its supply, at least for practical purposes, is basically unlimited." .  O mais importante não é o petróleo que existe na natureza mas aquele que se pode extrair em condições economicamente viáveis. E o petróleo de que fala o Sr Maugerie tem de ser extraído no Canadá, nos EUA, na Venezuela, no Brasil e no Iraque, em condições, quer económicas quer ambientais, muito adversas.

Em Portugal estamos a ver o crescimento e e retoma do emprego por um canudo. A seca e os incêndios, o deficit do orçamento e  da segurança social, são más noticias para os governantes. A crise instala-se na economia e, pior do que isso, nas mentes das pessoas. Na Groenlândia, dizem as agências ambientais que fazem o controlo da região por observação através de satélites, o degelo atingiu, em meados de julho, 97% do território.  Assim vai o mundo!


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