segunda-feira, 19 de maio de 2014

Assim Vai o Mundo


Ucrânia
Sem desfecho à vista, continua o jogo de xadrez entre a Rússia e o Ocidente. Perdida a Crimeia para a Rússia, estão agora ameaçadas as posições de Donetsk e Luhansk. A arma secreta de Putin é a Gazprom e a pesada fatura que a Ucrânia - quer dizer o Ocidente - vão ter de pagar para continuar a aceder ao gás russo. No conflito que se disputa na Ucrânia estão em causa opções fundamentais para o futuro da Europa que se sente balançeada entre a fidelidade aos Estados Unidos e as vantagens objetivas de uma aproximação à Rússia. Neste momento, com forte jogo posicional de ambos os lados, parece que já se joga para empate.

Síria
Com a perda da cidade de Homs pelos rebeldes, Bashar al Assad ficou em vantagem no terreno o que lhe deverá assegurar a vitória nas próximas eleições presidenciais. São muito confusos os contornos de um conflito sangrento que nasceu na Primavera árabe, onde já se confrontaram posições russas e americanas. A Síria não tem reservas petrolíferas, faz fronteira com Israel e ocupa uma posição charneira entre a Turquia, o Irão e o Iraque.

Iraque.
O sonhado eldorado, onde os americanos tencionavam garimpar o ambicionado prémio em barris de ouro negro, continua perigoso e inseguro. As expectativas da produção de crude estão muito aquém das previsões iniciais, e os conflitos étnicos e religiosos estão longe de ser resolvidos. O Iraque é um lamaçal onde se troca petróleo por sangue.

Líbia.
Não se vê fim a este conflito que ameaça paralisar a produção de petróleo do país. Trata-se de mais um país libertado de uma ditadura pela primavera Árabe e pelos aviões da Nato, onde os problemas são bem mais profundos do que parecia à primeira vista.

O futuro do preço do crude
Em Fevereiro passado, Steven Kopits, um consultor americano na área energética, surpreendeu o mundo numa palestra sobre o futuro do petróleo. Deixou claro que já não é a procura, mas sim a oferta, que comanda o mercado. O mercado do crude convencional estagnou em 2005, e só com massivos investimentos de capital se tem conseguido manter a produção. Todo o crescimento entre 2005 e 2014 foi feito à custa do petróleo não convencional, onde se destaca a produção pelo processo de fraturação hidráulica das rochas de xisto nos Estados Unidos. Steven Kopits não antecipa uma baixa de preços da cotação do barril de crude, antes pelo contrário, e alerta que a China, em motorização acelerada, terá um papel chave no futuro deste mercado.

Nígéria: os dramas de um Estado Crítico.
O rapto de duas centenas de meninas chama a atenção para a Nigéria, o país mais populoso de África com 175 milhões de pessoas - a população do Brasil!- ,que enfrenta graves problemas étnicos religiosos e económicos. O forte crescimento populacional origina uma população extremamente jovem. E não se vê forma, no futuro próximo, de contrariar este crescimento. Muitos destes jovens, sem perspectivas, começam a olhar para o norte, para Lampedusa e para o estreito de Gibraltar, sentem o apelo da Europa despovoada, e vêm naquelas entradas a porta para o Paraíso.

Brasil 
O sistema aquífero da Cantareira, que dá de beber a 9 milhões de paulistas, atingiu no passado dia 15 de maio o nível de 8,2%. A ameaça de deixar à seca os torcedores da Copa, levou a afundar a captação de água para um nível situado abaixo da cota atual, para poder aproveitar o que eles designam por "volume morto". A seca prolongada parece ser um daqueles fenómenos extremos para que alertava o grupo internacional que estuda as alterações climáticas. No Brasil já se reza para que a próxima época de chuvas que começa no verão austral, a partir de outubro, reponha os níveis de água da Cantareira.

Antártida : glaciares em vais de desaparecimento
Dois relatórios independentes elaborados por cientista dão-nos conta de fenómenos preocupantes que podem agravar os efeitos das alterações climáticas e antecipar a subida de água dos oceanos. Ao que parece os glaciares da Antártida estão a desfazer-se e a derreter de forma irreversível.

Portugal: tratamento suspenso até ver
Já sabemos que Portugal sofre de doença prolongada. Sob a supervisão da troika, Portugal terminou a primeira sessão de quimioterapia, e os marcadores da doença parecem agora mais satisfatórios. Nos meios políticos e económicos nota-se a euforia habitual nestes casos, e muitos acreditam que a doença estará debelada. Mas não nos iludamos com esta momentânea remissão dos sintomas. Vai haver recidivas, vão ser necessários novos tratamentos, e o prognóstico continua reservado.

Nas notícias que nos chegam não se veêm verdadeiras iniciativas para mudar o mundo. A solução dos problemas vai-se adiando, as tensões vão aumentando. Prevejo que teremos a seguir, novas notícias vindas do Egito, da Turquia, do Brasil, do Paquistão, que não vão iluminar o horizonte sombrio que paira sobre o nosso futuro .

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