terça-feira, 19 de setembro de 2017

A segunda utopia: O homem vai encontrar resposta para todos os enigmas do Universo.

As extraordinárias conquistas da ciência e da técnica - que no último século se sucederam de forma vertiginosa - fazem-nos acreditar de que não haverá limite ao conhecimento do homem.
Os progressos no campo da inteligência artificial, na robótica, nas comunicações... os avanços sobre o conhecimento da estrutura ínfima da matéria, o infinitamente pequeno, e o alongar dos olhos do Hubble para as longínquas fronteiras do Universo, o infinitamente grande, levam-nos a acreditar que um dia encontraremos a "teoria do tudo" e teremos a unificação do conhecimento.
Cumprir-se-á, nesse, dia a aspiração mais secreta do homem  que é a de ocupar o lugar do próprio Deus

Muitos acreditam que iremos explicar a origem do universo, a origem da vida e da consciência. E que, possivelmente, um dia, encontraremos explicação para o próprio sentido da existência humana. Constatamos que, à medida que o conhecimento aumenta, menos necessária se torna a fé, mais próximos de Deus nos sentimos, e começamos a acreditar que poderemos até igualá-lo ou superá-lo. Talvez antes disso sejamos vítimas da nossa própria ambição. A expulsão do Paraíso foi o castigo de Adão que, aspirando a ser como Deus, comeu o fruto da árvore do conhecimento.


1 comentário:

  1. É espantoso o quão simbólico é “Ser expulso do paraíso por comer o fruto da árvore do conhecimento” e ao mesmo tempo tão revelador. A idade de ouro caracteriza-se pela semelhança que tem com a altura em que o homem ainda era caçador (nómada) – mal se distinguindo de um animal – sendo predador e presa, mantendo assim um equilíbrio ecologicamente sustentável.
    A descoberta, muito provavelmente espontânea, do fogo e dos seus benefícios, desencadeou proeminentemente todos os eventos que nos levaram até este ponto. Mas na sua natureza acidental não foi tanto uma manifestação do conhecimento em si, mas antes um pronuncio ao mesmo, - como uma faísca que ateia um rastilho. Rastilho que culmina com a forma actual do Homo-Sapiens.
    A grande analogia bíblica aqui presente descreve numa forma espantosamente exacta, o que significa “ser expulso do paraíso” e o que está na origem disso: O próprio conhecimento. Não estou a dizer com isso que o conhecimento é mau ou bom, vou antes destacar a neutralidade do mesmo quanto a uma possível existência de um estatuto ontológico de “bem” ou “mal”.
    É interessante notar que a transição do homem do estado nómada (a santa idade de ouro), para sedentário deu-se pela descoberta; ou melhor, pelo entendimento - e aqui; sim, já se pode atribuir ao conhecimento essa descoberta – da agricultura. O domínio da prática da agricultura, marca-se pelo entendimento de algo espantosamente pouco evidente e que só o intelecto consegue desvendar: isto é o entendimento dos ciclos naturais. A partir daqui, o homem começou a poder controlar o seu alimento e, ao mesmo tempo, desenvolver a pecuária. Claro que isto veio dar ao homem uma hegemonia dominadora na terra, que o fez prosperar até aos dias de hoje proliferando na terra de forma desmesurada.
    Mas tudo isto, embora de uma forma resumida, seja evidente, o que se realça é, numa proximidade de perfeição, a metáfora que se esconde nesta passagem em particular: Em que maçã é antes de mais uma semente que tem em potência uma árvore contida nela – esse é o “fruto” do conhecimento que desencadeou todos os eventos até ao Apocalipse, pelo desequilíbrio que cria no nosso “jardim” – Entenda-se, Terra.

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