No dia de Natal, durante o alvoroço dos presentes, entre as minhas prendas, nada mais do que a biografia de Marcelo Rebelo de Sousa, do jornalista Vitor Matos, que já vai na quarta edição. Por sorte, eu já tinha recebido, oferecido pelo editor, o livro "Sampaio da Nóvoa, Evidentemente a Liberdade" de Fernando Madaíl. E,assim, posso agora ajuizar melhor sobre os candidatos antes de tomar a minha decisão, pois tenho a convicção de que um deles será o próximo presidente da República. Acredito que as
chances favorecem Marcelo que, logo na primeira volta, terá mais votos do que Cavaco teve há 5 anos atrás, e de que Sampaio da Nóvoa não irá superar a votação de Manuel Alegre nas anteriores eleições. Se assim for, de nada valerá o meu voto. Mas convém não desvalorizar o poder do
voto democrático e lá irei eu cumprir o dever cívico - agora com mais comodidade, depois que a Junta de Freguesia do Lumiar trouxe as urnas para a escola que fica junto à nossa porta. Porém, estou com muitas dúvidas. Marcelo Rebelo de Sousa, acho-o inteligente de mais para ser verdadeiro - o aforismo é de Pessoa -, constrói esquemas mentais tão elaborados que não tardará a perder-se e a contradizer-se a si próprio; Sampaio da Nóvoa está ainda muito verde, parece enredado na euforia da
maioria de esquerda e ainda não percebeu as contradições - a ideia foi expressa por Cavaco - entre a economia e a ideologia. A candidata Marisa Matias apresenta-se com ares de atriz de telenovela, sem ideias políticas e parece assentar-lhe bem a referência do VPV relativamente a Catarina Martins quando se referiu ao sucesso do BE como a vitória da insignificância; o ex-padre Edgar Silva do PCP não traz para a campanha ideias próprias, nem precisa, pois Cunhal já tinha dito tudo o que havia para dizer - e tão disse-o tão bem que o discurso dele, reciclado, ainda hoje arrasta muita gente. O irreverente estatístico Paulo Morais - que eu conheço de ginjeira! - dispara para tudo o que é sítio, na sua ânsia de protagonismo pessoal. Henrique Neto, acredita que é dono da verdade, é uma reedição requentada de Nobre e será apenas um candidato na primeira pessoa. Restam mais dois ou três que não ficarão para a história. E - já me esquecia! - ainda temos Maria de Belém a quem, sinceramente, ainda não ouvi uma ideia com princípio meio e fim - e que aparece na corrida para subtrair ao Marcelo os votos de alguns católicos e moderados do centro ou da esquerda que não se reveem nos outros candidatos. É assim que as coisas andam por Lisboa, onde o governo de esquerda, no gozo da graça dos seus primeiros 100 dias, promete um tempo novo, sem austeridade, e até já fala em retoma, em crescimento, e convida os jovens emigrados a regressar - a ver vamos! Agora andam todos indignados com a falência do Banif - à procura dos buracos por onde se esfumou o dinheiro - e com a defesa do Estado Social - alguns não sabem bem do que falam!- após a morte de um jovem que, por ser fim de semana, não foi tratado como devia no Hospital de S. José. Nas vésperas de Natal, estivemos na Baixa para ver o espetáculo de luz, apoiado pela CML e pela Coca-Cola, que passava no Terreiro do Paço. Em dois ou três anos, animada pela vaga de turistas, a Baixa mudou - parece a reedição da
movida que em tempos ocorreu em Madrid -, há esplanadas sem fim na Rua Augusta e no Terreiro do Paço e o
pastel de belém já tem um concorrente de peso: o
pastel de bacalhau. Ando a ler um livro sobre o Eça, com histórias pouco conhecidas do escritor trazidas pelo especialista Campos de Matos; e comecei a ler um livro muito interessante sobre a vida de Alexandre Herculano - que mal conheço e que é uma personagem cativante - que viveu no segundo e terceiro quartéis do século XIX, numa época que também conheço mal. Com votos de Bom Ano. LQ
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