segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O Lado Escuro do Universo


O século XX abriu-nos portas para uma nova compreensão do Universo. Sabemos hoje que o nosso planeta não passa de um pequeníssimo ponto azul - a expressão é de Carl Sagan - perdido nos confins de uma galáxia, a Via Láctea, que está, ela própria, perdida nos confins de um Universo cujas dimensões e natureza se apresentam ainda difusas. Nomes como Edwin Hubble - que identificou  miríades de novas galáxias -  e Albert Einstein - que relacionou o espaço e tempo - aportaram contribuições decisivas para nos ajudar a compreender o Universo. É espantoso o avanço ocorrido neste domínio, considerando que há até apenas quatro séculos - até Galileu Galilei -  ainda se considerava a Terra como estando no centro do Universo.

E as novas descobertas não param de nos surpreender. Para explicar a coerência do movimento de rotação das galáxias foi necessário admitir a existência de uma partícula vastamente espalhada no espaço e com características diferentes das da matéria conhecida. Trata-se daquilo que foi designado dark matter que aparece, em português, traduzido algumas vezes por matéria escura outras vezes por matéria negra. Essa nova matéria não interage com a matéria visível não emite luz mas tem gravidade o que faz com que deflita a luz que nos chega de galáxias distantes. Esse facto faz com que as aglomerações de matéria negra, ao curvar a trajetória da luz,  funcionem com lentes gravíticas que permitem assinalar a sua presença e fazer o seu mapeamento no universo.

A descoberta da continua expansão do universo foi outra das descobertas das primeiras décadas do Século XX. As galáxias estão a afastar-se uma das outras , isto é, o universo expande-se em todas as direções. Isso mesmo foi demonstrado porque esse afastamento produz um fenómeno designado por redshift - desvio da luz para o vermelho - que faz com que o comprimento de onda da luz emitida por essas galáxias se apresente desviado para a zona vermelha do espectro. Inicialmente pensava-se - era essa a lógica do Big Bang, a explosão inicial que originou o Universo - que essa expansão estaria a reduzir-se e que chegaria um momento em que ela terminaria e, a partir desse momento, o Universo se passaria a contrair. Mas a conclusão das observações científicas foi a oposta: o Universo não só está a expandir-se como essa expansão está a acelerar. Para explicar este fenómeno foi necessário introduzir o conceito de black energy, a energia escura também conhecida por energia cinzenta.

De acordo com as conclusões dos astrónomos, da massa total do Universo 20% são de matéria escura e 75% são de energia cinzenta o que deixa apenas 5% para a matéria visível aquela que nos é  familiar. São muita e enormes as implicações destas descobertas. Sabemos que nada é estável e que tudo está relacionado. O lado escuro do universo faz também parte de nós, teve e terá tido um papel decisivo na criação da vida e na evolução dos seres vivos. Fazendo um analogia com o se humano, a matéria visível é como o nosso consciente, a matéria invisível é o nosso inconsciente.

Temos a sensação de que estamos perto de encontrar a teoria de tudo, a fórmula que unificará as forcas electromagnética, gravítica e nucleares. Mas quando isso acontecer não teremos ainda todas as respostas. A explicação do como nunca será suficiente para aqueles que procuram a justificação do porquê. Seguramente. continuaremos  à procura do alfa e do ómega que são o princípio e o fim de tudo.

Mas não vale a pena desesperar. Procuremos as respostas possíveis e essas só podem ser dadas pela intuição ou pela fé, cuja origem está no inconsciente, o nosso lado escuro. Tal como diz um amigo meu: Não temos outro destino que não seja sermos. Simplesmente. Os poetas sabem-no, ou intuem-no.  Bom Natal 

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