terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Uma Entrevista Oportuna

É um lugar comum dizer-se que o ensino está mal, que os alunos são desinteressados e indisciplinados. Mas preocupante mesmo, a acreditarmos nas notícias dos jornais, é constatarmos que um terço dos professores das nossas escolas sofre de depressão. O que é preocupante, porque o professor é a alma do ensino. O professor é o agente que transmite conhecimentos, que guia, que observa, que ajuda a libertar as mentes e as leva à descoberta. Sem professores pode haver aprendizagem ; mas, seguramente, não há educação.

Por isso, a entrevista que sobre o tema educação o catalão Josep Menéndez, semanas atrás, concedeu ao Diário de Notícias reveste-se de uma importância crucial para o nosso futuro coletivo. Menéndez diz que o mundo mudou, mas que o modelo educativo que continuamos a utilizar estagnou. Que o ensino é aborrecido e desmotivador. E, acima de tudo, é muito limitativo, pois muitos alunos não encontram na Escola espaço para desenvolver as suas aptidões. Urge, segundo ele, alterar esta situação.

A história que Menéndez nos conta é inspiradora. Encarregado pelos jesuítas de Barcelona de alterar o modelo educativo tradicional da congregação religiosa - com fortes tradições na área do ensino, diga-se -, decidiu deitar mãos à obra. Tarefa que, desde logo, se lhe afigurou ser difícil. Pois alterar o atual estado de coisas leva tempo, e são precisos muitos anos para mudar. Basicamente, o catalão diz -nos que o currículo é excessivo, demasiado grande, que é necessário libertar a criatividade dos alunos, reduzir ao mínimo os conteúdos memorizáveis, para deixar espaço aos alunos para criarem o seu projeto de vida. O modelo que está gradualmente a implementar - em parte apoiado na Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner - baseia-se muito no trabalho interdisciplinar por projetos. Uma parte da aprendizagem é baseada em problemas e uma outra em trabalho colaborativo.

A entrevista publicada pelo DN surge num momento oportuno, é muito importante e leva-nos a acreditar que existem alternativas. Haverá outras, mas vale a pena  refletir nesta experiência. E não é o facto de ter sido uma ordem religiosa a tomar esta iniciativa que lhe retira mérito ou importância. A entrevista vale a pena ser lida, e pode ser acedida neste link.

A educação é o único caminho para a construção do homem novo. Não sabemos como será; nem devemos ficar à espera que um profeta nos venha indicar o caminho para o construir. O homem novo será o fruto da permanente descoberta que tem sido a caminhada da Humanidade. O caminho faz-se caminhando – como intuía o poeta -, e as descobertas surpreendem-nos em cada curva da viagem. O papel da educação é preparar os jovens para fazer a caminhada! Com a sua mente liberta, a sua criatividade, a sua generosidade, eles já são, em parte, o homem novo!

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