A lã é o pelo de certos animais, e dela existem mais de 200 variedades. Do pelo das cabras, provém a famosa lã de caxemira, e a fina lã mohair . Pode fiar-se lã de alpacas, de camelos, de lamas, de bisonte, de cavalos, de cães e até a levíssima e apreciada lã dos coelhos angorá. Mas a lã por excelência, a lã do nosso imaginário, é a lã de ovelha.
A domesticação dos ovinos ocorreu no Médio Oriente há cerca de 9,000 anos e, juntamente com a domesticação da vaca e do cavalo, constituiu um passo decisivo para criação dos primeiros povoados agrícolas que estiveram na base da sedentarização, e foram o início da aventura humana cujas urbes acabariam por cobrir todo o planeta.
A ovelha é um animal dócil, símbolo da inocência. Ela teve um grande significado nas culturas que floresceram no médio oriente, onde a economia estava centrada na pastorícia. A Bíblia está cheia de referências aos pastores e aos seus rebanhos. Jacob, o patriarca das tribos de Israel, foi o pastor de Labão, a quem serviu para casar com as suas duas filhas, primeiro com Lia e depois com Raquel. O cordeiro era o animal que se sacrificava na Páscoa dos judeus. E o Cristo redentor foi apresentado por João Batista como o Cordeiro de Deus.
Ainda hoje existe uma dinâmica atividade económica ligada á criação de ovinos. A ovelha produz a carne o leite o couro e a lã. A lã de ovelha começou a ser fiada e tecida há mais de 5000 anos. É uma fibra maravilhosa: é leve, resistente e flexível; aquece sem abafar, respira; lava-se e recupera a sua forma original; não cria humidade, não favorece o desenvolvimento de ácaros e parasitas.. É um produto natural e biodegradavel. Mas, acima de tudo, a lã é conforto, suavidade, carinho e aconchego. Numa palavra, a lã é nossa amiga.
No conforto da vida moderna, em que as coisas aparecem milagrosamente nas lojas, esquecemo-nos da arte de tratar a lã. No início da primavera o tosquiador, com a sua tesoura e a sua arte, liberta a ovelha da sua proteção do inverno. O resultado é um velo de lã, semelhante a um suave sobretudo. Depois a lã é lavada pois o velo, além da sujidade que acumulou durante o ano inteiro, ainda está impregnado com a gordura natural da ovelha, a lanolina. A lavagem é feita com vulgar sabão, sem danificar a fibra, à temperatura certa para a lã não feltrar.
Depois carda-se a lã e penteia-se para estender e ordenar e estender as fibras. Pode-se tingir antes de passar à fiação que tradicionalmente era feita com as rocas ou com as rodas de fiar. O fio é estendido, pode ser singelo ou dobrado e doba-se para formar as meadas e os novelos. Finalmente a lã pode ser tecida ou tricotada e está pronta a ser usada.
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