Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia, tem vindo a defender que a austeridade não é solução para Portugal, nem para Europa do Sul. Vinda de quem vem esta opinião é muito respeitável, mas eu discordo dela. Para enfrentar a situação em que nos encontramos, só vejo duas alternativas: ajustamento ( que implica austeridade) ou saída do euro. Eliminar a austeridade mantendo o euro significaria aumentar o deficit das contas públicas, e já sabemos que ninguém está disposto a emprestar dinheiro para o financiar .
É certo que podemos argumentar com a solidariedade da Europa mais rica, e remetermo-nos ao papel de pedintes. Mas isso só resolveria o problema temporariamente e , de certo modo, já o estamos a fazer. Eu não entendo a razão porque políticos, economistas e comentadores falem nesse cenário como sendo possível e desejável. Na génese dos nossos problemas atuais está a imperfeita criação da Europa, em que se pretendeu uma integração sem perda de soberania dos países aderentes. Ora, uma verdadeira Europa unida e solidária exige compromisso e mitigação da soberania dos estados membros. Não se pode ter tudo. E essa é uma escolha que, um dia, os europeus terão de fazer.
A alternativa à austeridade é a saída do Euro que é, afinal, uma outra forma de austeridade. Tal permitiria desvalorizar a moeda e aumentar a competitividade externa. O empobrecimento seria grande e generalizado, e Portugal ficaria durante décadas amarrado a uma dívida titulada em euros. Seria o adeus ao sonho europeu. Sendo um caminho possível, não o vejo como provável. Não interessa nem a Portugal nem à Europa
No quadro do nosso sistema económico - e ainda ninguém apresentou outro sistema como alternativa - parece não haver alternativa à austeridade. Seria conveniente que isso fosse rapidamente interiorizado para não se desperdiçarem energias à procura de uma receita que não existe, uma espécie de pedra filosofal dos alquimistas. Precisamos governantes esclarecidos que nos conduzam, e que sejam capazes de impor a austeridade num clima de justiça, equidade e solidariedade.
O mais angustiante de tudo é não sabermos o que virá depois. As leis da Economia fazem-me lembrar (no paralelo com a Física) as leis de Newton que
não se aplicam em situações extremas (por exemplo, nas vizinhanças da
velocidade da luz!). Também na Economia parece faltar uma "teoria da
relatividade" e um qualquer novo "Einstein" para explicar os
comportamentos das variáveis económicas no contexto atual, que é um
contexto de "limite" do sistema. E o que virá depois pode ser a consequência disso.
Diz o povo que não custa ser pobre, mas custa, isso sim, ser pobre quando já se foi rico!
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